Wednesday, June 24, 2009

Entrevista com Sombra

Depois de um rápido jantar em sua casa, me chamou a atenção o seu jeito de ser.
Sombra era um cara esquisito. Nao falava muito e cheirava mal.
Sua casa era uma bagunca. Mas quando Sombra olhava para nós, sabíamos que tinha muito a dizer.

Depois de muito ponderar, decidi conhecer mais a fundo esse misterioso personagem.

Joana - Qual a sua origem?
Sombra - Eu venho dos países baixos. Tão abaixo de tudo, que por fim, desapareceu.
Portanto, eu venho de um lugar que não existe.
J - E como você se sente em relacão a isso?
S - Eu não dou a mínima. Eu vivo o presente. Não penso no passado. Minhas origens tampouco me despertam interesse. Eu sou o que sou, através do que penso e sinto, aqui e agora.
J - E sua família?
S - Não sinto nenhuma relacão forte com ninguém.
J - Não se sentes sozinho?
S - Não. Me alimento das minhas vontades. Existo para fazer com que elas se manifestem e assim as satisfaço. Não penso em ninguém, somente em mim mesmo.
J - E se pensas em si mesmo, porque não tomas banho? Ou esse é um novo perfume?
S - Apenas não me importo com que os outros vem a pensar de mim. E tampouco me importo o que as pessoas ao meu redor pensam a meu respeito.
J - Entendo. Por isso você mantem esses copos quebrados. Mas reparei que você mantem as taças limpas.

Sombra se manteve em silêncio neste momento. Ficou meio cabisbaixo, o que parecia mostrar que estava refletindo sobre a pergunta. Achei que era hora de ir.

Agradeci sua atenção, peguei minhas sacolas de compras e mencionei de ir.

Ele olha para mim, pega em minha mão e me dá o mala (rosário tibetano). Em seus olhos consigo ler a mensagem: A Taça e o Mala. Este é o caminho. Sua busca se iniciou.