Sunday, July 23, 2006

Granny e Diane de Poitiers

Aconteceu há uns anos atrás. Conversando com minha querida vó Monique, descrevi um sonho que tive de um castelo. O sonho era vívido. Vi detalhes do castelo, do jardim, das águas em volta, dos muros. Eu estava lá.
Ela, sempre muito inteligente e ávida por tudo o que é história, abre um livro sobre os castelos em torno do vale do rio Loire. Ela me mostra as fotos, e diz que é um dos seus lugares preferidos. Tive um verdadeiro choque e um estalo quando ela abre a página no castelo de Chenonceau. Uma sensacão esquisita de uma familiaridade imensa, como se eu realmente estive lá. Minha avózinha, decartiana e apesar de ser católica, sempre dizia que descendíamos dos Celtas, devido a região que ela nasceu : Aurignac, cidadezinha próxima aos Pirineus, à 60 kilômetros da cidade de Toulouse. E ainda teimava em falar que poderíamos mesmo ser descendentes dos Atlantis.
Descrevo a ela minha sensacão maluca. Ela me olha com uma carinha sapeca, sem espanto e fala: - Ah! Eu sei que esse castelo era da amante de Henri II. Vamos procurar direito os detalhes.
Tira um livro da estante. E me diz:
- Não falei?! Aqui está!


diane2


Esse castelo pertenceu à amante de Henri II, Diane de Poitiers, Duquesa de Valentinois. O poder de Diane sobre Henri era tão grande que ela era considerada a *rainha virtual*, ou o cérebro atrás do trono e era uma mulher extremamente bela, sensual, passional e inteligente. Assim Catherine de Médici, esposa de Henri, vivia na obscuridade.

Well, desconsideremos o fato de que ao iniciarem o romance, Henri era um garoto de 15 anos e ela uma bela mulher madura no auge de seus 35 anos. Ficaram juntos por 25 anos e ela seria a mais poderosa influência nas decisões do trono, chegando mesmo a escrever muitas cartas oficiais e assinando cartas com a rubrica de HenriDiane.
Sua posicão na corte era tão evidente, que ao enviar o Rosário de Ouro à Catherine, o Papa Paulo III, não esquece de Diane e a envia um colar de pérolas. Com o falecimento de Henri, a megera Catherine bane a pobre Diane do castelo e toma posse.

Minha vó me olha de novo com aquele olhar maroto, um sorriso no rosto e diz:
- Quem sabe você não foi Diane na outra encarnacão?
Eu, com a face corada, apenas respondo:
- hm hm...

A história toda foi que, ontem, relembrei deste episódio. Comecei a procurar na internet sobre Diane. Fiquei muito surpresa ao encontrar o brasão dela, simbolizando as 3 faces da Deusa. Os 3 crescentes interligados. Além de tudo ela tinha sim um pézinho no caldeirão e a mãozinha na vassoura. Poxa!


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Monique Marie-Thérèse Rayneau, Vó Monique ou Granny, como era carinhosamente chamada, que tanto viveu e nos ensinou, nos deixou no dia 21/07/2005. Sabemos que os anjos, os deuses do panteão celta, e a mãe intocada da crianca divina, Virgem Maria, a tem ao seu lado.

Thursday, July 13, 2006

Ócio Criativo


E por aqui as coisas vão bem. Muito calor e toneladas de morangos dinamarqueses. Sim! D-I-N-A-M-A-R-Q-U-E-S-E-S, e isso é sempre bem frisado. Juntamente com as cerejas pululando pelos cantos. E, eu, guerreira que sou, fujo das batatas e carne de porco como o diabo foge da cruz. Nesse calor, nem morta! E eles insistem. Mas saio pela tangente e faco um belo bacalhau ao forno. Daqueles de sexta-feira santa, sabe? Também me entupo de chazinho ayurvedico (devidamente morno) especialmente feito para mulheres.
Bom, tudo isso para mostrar como estou inspirada, chegando a postar meu cardápio aqui. hahahaha Minha amiga Luiza disse que é ócio criativo. Amén!

Monday, July 03, 2006

A momentary lapse of reason




O ser humano não é linear, né?! A graca da vida é essa inconstância, esses altos e baixos, que de vez em quando dão uma chacoalhada no ser. Esses dias eu me sinto assim, com uma inquietacão, uns belos insights e uma certa insatisfacão.






Não foi a TPM. Não é. Me sinto vivendo dentro da capa dos álbuns pinkfloydianos, comecando pelo 'Atom Heart Mother'.
Quando vou ao trabalho de bike, me desintegro na paisagem, em meio ao vento sussurrando nos campos de trigo, e esses retribuindo ao sopro suave, como uma onda.
Chego em casa e vem um sentimento de solidão fudido. É aí que mergulho em 'A Momentary Lapse of Reason'.






Saio lá fora e me desintegro na paisagem novamente. A sensacão ameniza. Viro grama e hyldeblomst. 'The Final Cut'.