Saturday, August 26, 2006

Almas Gêmeas

Submersa nas estantes de livros da biblioteca, um instinto faz com que ela olhe para fora da enorme janela de vidro. Lá estava ele, andando rapidamente, olhando para o chão, levanta os olhos na mesma hora. Seus olhares se encontram. Seus coracões disparam. Ela lembra, nesse mesmo segundo, que viu esse mesmo olhar, não no mesmo corpo. Era a mesma alma. O mesmo sentimento, a mesma falta de ar por uns segundos.
Da primeira vez, ela estava em uma feira de ciências. Seu namorado, estava participando da feira, enquanto ela zanzava. Foi quando dois olhares se encontram. Ele, um anjo de cabelos cacheados loiros, olhos azuis, não era esbelto. Imediatamente abriu um sorriso ao vê-la. Ela também. Se reconheceram. Ele estava com sua namorada, e mesmo assim não conseguiu esconder o magnetismo. A namorada o puxa. E ele não se move. Ela continua estática, sorrindo. E ele, diz com a alma, que agora não pode, mas um dia se encontrarão novamente. E ele some.
Ela continua estática, mas está mexida. Com as bochechas vermelhas e as mãos suadas.
Chegou o dia. Em outro corpo, ele ressurge. Os olhares se encontram. Os dois não respiram. Sabem que se pertencem. Ela permanece estática também, pois a situacão não a permite que demonstre. Várias pessoas em volta. Sua amiga, que estava ao lado, percebe e diz : "Foi amor à primeira vista?" Ela apenas responde: "Não. Foi apenas um reencontro. Reconheci aquele que me pertence".

Saturday, August 19, 2006

O mestre, a bruxa e o alquimista

O encontro foi a beira do mar mediterrâneo, em meio aos escombros dos palacetes. Ninguém de testemunha além dos tijolos seculares. O cenário: um restaurante aconchegante, sem muitas pessoas ao redor. Os dois, imersos na conversa e frases intuitivas jorrando como cascata a cada segundo. Uma refeicao deliciosa, regada a um bom vinho levando-os a um estado de semi-transe. E ele serviu de canal para uma revelacão. Diz que o valor de uma obra está em seus contornos e imperfeicões. A criatividade pede para que não exista perfeccionismo. O belo está no imperfeito. E com isso ela sentiu a presenca de seu pai. Foi através do alquimista, que o mestre se manifestou. E assim ela soube qual o seu caminho. O encontro entre o alquimista e a bruxa. E foi assim que ela ouviu segredos de elixires e trocou receitas de pocões mágicas.



Mais uma vez uma celebracão. Celebrar a vida e a criacão. Perfeita ou não. É como lembro a partida de meu pai, Bobby Stepanenko, para um plano maior, há exatos 11 anos atrás. Pois um artista nunca se vai, sempre se manifestará em sua obra, ou dará um jeito de se manifestar nas palavras de um doce alquimista. E agora sinto, mais do que nunca, que eu e minha irmã somos a sua continuacao. Obras imperfeitas, em constante processo de acabamento e lapidacão.


Anéis de Bobby Foto: Caio Mourão