Monday, September 18, 2006

Alice no país dos conflitos

Andando por entre as macieiras, me transporto para o meio das areias do deserto.
Um gato, com olhos de um profundo azul, me recebe com um sorriso quente.


Ele me diz, com uma voz doce, que estou no meio do deserto no Afeganistão. Sinto a areia batendo em meu rosto e o sol castigando minha pele. Isso não me incomoda, pois o gato, que se diz selvagem, sabe conduzir com desenvoltura nosso encontro e me distrai.

Ouco boquiaberta suas estórias de sereias apaixonadas e filhos bastardos da lua. Ele me diverte, tem uma risada contagiante e a sabedoria de um velho dervixe. Me canta músicas e me envolve com suas palavras doces.

Tira uma caixinha brilhante do bolso – sim, ele tem um bolso em sua calca camuflada! Quando abre a caixinha, um pozinho dourado, brilhante como os raios de sol invade meu rosto. Ele guarda o restante na caixa. Diz ser para uma próxima visita. Eu me sinto tonta, com uma leveza incrível e o coracão cheio de alegria.

Fecho os olhos de puro êxtase. Sinto alguém tocando no meu ombro. Abro os olhos e me encontro de novo ao lado da macieira. Sinto a grama viva e o cheiro de terra. A realidade é verde, mas a vontade é seca, quente e árida. Em minhas mãos uns grãozinhos dourados de areia.

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