Friday, June 16, 2006

Princesa Josephine


E ela veio de mansinho. Timidamente pergunta:
- Que você tá fazeeeendo? (Em dinamarquês é algo como "Va lêooo du?")
- Tô trabalhando. - respondo com um sorriso.
E aí ela comeca a contar estórinhas, em seu dinamarquês perfeito.
Volta e meia, pergunto:
- Não entendi. Que significa isso?
E ela pacientemente explica. O nome dela é Josephine. Em dinamarquês "Iosefin".
Ela quer ajudar em meu trabalho. Digo que não precisa.
Falo a Josephine:
- Que nome lindo você tem! Tenho quase certeza que é nome de princesa.
Josephine, na plenitude de seus 6 anos, abre um sorriso banguela e muito doce. Sorri e pergunta se é verdade.
- Er det rigtig?
- É sim, Josephine é nome de princesa. - Eu falo isso, suando frio para que exista sim uma princesa Josephine. E existe! É a princesa Josephine da Bélgica. Ufa!
Foi assim que Josephine comeca a tagarelar e a falar das vaquinhas que tem em casa, do leite que toma todos os dias direto da vaca. Aí eu que abro um sorriso, como quem encontra uma parceira.
- Aaaah! Josephine você tem uma vaca? Não acredito!!
Josephine toda orgulhosa, fala sobre a vaca, os cavalos, os bezerros que ela tem em casa.
E depois pega cada coisa que encontra em sua frente e vai me falando os nomes em voz alta para que eu aprenda.
Logo depois descubro que Josephine mora em uma das casas perto da escola, em um condomínio fechado.
Sweet Josephine vai embora pois tem um samling. Samling. Ai ai. Bem que ela tentou me explicar o que era.
Depois de uns dias encontro a princesa novamente. Ela abre os bracos e me dá um abraco apertado. Ficou assim uns minutos. Não queria soltar. Doce Josephine!

Thursday, June 15, 2006

No espelho



Em meio a desentendimentos, aporrinhacões, cobrancas, vejo também o teu lado kind, sweet, loving, generous, a maneira como você se entrega as pessoas sem pedir em troca. Dá e não espera receber. Uma alma complexa, alguns poucos conseguem enxergar o outro lado e talvez alguém consegue entender.
Adoro quando fica em silêncio, ou mesmo teus ataques de riso quando não há ninguém por perto. Rindo das próprias gafes. Sim, coisa de gente maluca. Se esgüelando, ao som de "Born to be wild" no último volume, on the road. É isso que adoro em você, essa maluquice sem fim. Os outros só fazem com que eu vá ao teu encontro. Cada nova paixão te desvendo um pouco mais. Sorvo cada momento, mesmo os mais obscuros ao teu lado.

Vejo meu reflexo no castanho de tua íris. E assim, percebo a maravilha de ser EU. Esse é o caminho.

Wednesday, June 14, 2006

Leveza


Hoje fui dar um passeio no bosque. Aqui existem vários bosques, com árvores gigantescas e clareiras de contos de fadas. Até é possível ver algumas. Deixei meu corpo me conduzir ao *lugar* certo. Um tronco, repleto de musgos me chama.
Sento em lótus e respiro, inspiro. Entôo um mantra. Entro em Alpha. Uma voz ao fundo, forte, me diz segredos da alma. Uma luz rosa emerge no meio de duas árvores. Essa voz me diz segredos sobre meu caminho. A revelacão é tão profunda que me faz chorar. Não de tristeza, mas de felicidade. Da certeza que devo continuar neste caminho. Que esta forca me acompanhará e que eu sou e serei instrumento de sua bondade. Que eu posso fazer o bem, que o caminho é simples, e o resto é ilusão. Que os sentimentos confusos, os medos e apegos são apenas uma estratégia do ego para afastar o amor maior. O amor puro e simples. Sem máscaras, sem palavras, sem conceitos e sem julgamentos. A faxina mental é feita.
Estou tranquila agora. Percebo, mais uma vez, que esse furacao de emocões foi recebido passivamente por mim. Sem acao, apenas reacão. E assim como o recebi tranquilamente, assim o aceitei e assim deixo que vá. Sem mágoas, nem ressentimentos. Continuo em pé, de onde nunca saí, forte como um bambú, que se curva ao chão com o vento e retorna ao seu eixo, sem danos.
Após esse insight uma luz dourada me banha. Leveza. Certeza. Simplicidade. Agradecimento.

Monday, June 05, 2006

Roskilde Dyrskue



Sempre tive uma simpatia pelas vacas. E virou uma paixão depois de visitar a Feira Agropecuária em Roskilde (Roskilde Dyrskue em dinamarquês). Essa feira é um dos maiores eventos de agropecuária no norte da Europa, atraindo cerca de 80.000 a 90.000 visitantes cada ano. Além de criadores de cachorros, gatos, ovelhas, cavalos também tem um expressivo número de vaquinhas. Equipamentos, veículos rurais, jeeps, também pode-se encontrar lá.
No meio desta confusão, caminhando calmamente - talvez envolta em seus pensamentos, talvez apenas ruminando uma inocente graminha - lá estava ela: a vaca escocesa (Scottish Highland Cattle). Olhei-a nos olhos e foi paixão a primeira vista. Um encontro inesquecível.

Esse afã pelas vacas, talvez venha ainda de tempos remotos. Quando minha mãe desenhou na parede da sala de casa, um belo pasto com vaquinhas holandesas, inspirando-se no disco "Atom Heart Mother" do Pink Floyd.

Agora, com essa nova paixão, desisti de comer carne de gado. Parei. Quando vejo um bife, penso naqueles olhinhos puros me fitando. Mórbido.